O Brasil pode estar prestes a abrir as portas para um novo capítulo em sua história com os jogos de azar. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), está articulando um acordo para levar à votação no plenário o projeto de lei que legaliza cassinos, bingos e o tradicional jogo do bicho. A expectativa é que o tema seja analisado antes do recesso parlamentar, marcado para 18 de julho.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
A movimentação reacende um debate antigo e controverso no país, que desperta atenção de diversos setores da economia, incluindo o turismo, o entretenimento e, claro, o ilusionismo profissional. Para muitos, a regulamentação dos jogos representa não apenas uma abertura para novos negócios – com a criação de uma indústria do ilusionismo – mas também a chance de colocar o Brasil no mapa global do entretenimento como Las Vegas e Macau.
O que diz o projeto?
O texto, com relatoria do senador Irajá Abreu (PSD-TO), prevê a liberação de cassinos integrados a resorts de alto padrão, com no mínimo 100 quartos, centros de convenções, restaurantes, bares e shoppings. As casas de jogo também poderão funcionar em embarcações marítimas e fluviais, com regras específicas. Para operar, os empreendimentos precisarão comprovar capital social de pelo menos R$ 100 milhões e terão concessões válidas por 30 anos.
Para o senador Irajá, o Brasil precisa de um novo marco “moderno e responsável” baseado em experiências internacionais bem-sucedidas, que seja capaz de impulsionar o turismo, atrair investimentos e gerar empregos. “A atual proibição não funciona, pois 70% dos brasileiros e brasileiras acreditam que ela não reduz a oferta de jogos ilegais no país. Apenas 25% ainda acham que a lei, hoje, consegue conter a prática criminosa do jogo clandestino, do jogo ilegal, dominado pelo crime organizado”, afirma o senador.
Além dos cassinos, o projeto autoriza o funcionamento permanente de bingos, legaliza o jogo do bicho e as corridas de cavalos (turfe).
Resistências e próximos passos
Uma pesquisa realizada pelo DataSenado, divulgada em abril deste ano, mostra que 60% dos brasileiros são favoráveis à regulamentação dos jogos de azar, com regras. Mas apesar da aprovação popular e da articulação política, o projeto ainda enfrenta resistência de parte da oposição e da bancada evangélica. Caso seja aprovado no Senado sem alterações, seguirá para sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por que isso é bom para a mágica?
A legalização dos cassinos pode abrir espaço para uma nova cena artística no Brasil, principalmente para os mágicos. Em grandes polos de jogo internacionais, como Las Vegas e Macau, artistas do ilusionismo se tornaram parte essencial da experiência nos resorts-cassino, protagonizando shows diários para milhares de espectadores. Se o Brasil caminhar na mesma direção, poderemos ver surgir toda uma indústria para ilusionistas nacionais.
Com informações do jornal O Globo e da Agência Senado.