Opinião

Por que o Solo de Philip Blue no B32 Foi Histórico, segundo Eduardo Peres

Aconteceu nesse sábado 8 de novembro de 2025 no sofisticado teatro B32 em São Paulo algo historicamente importante: em única apresentação, foi a primeira vez em que Philip Blue esteve em cartaz em espetáculo solo aberto ao público, em sala montada para 120 lugares e bilhetes custando R$ 180,00 a inteira no primeiro lote. Ingressos esgotados de véspera, a noite foi absolutamente memorável.

Foto: Julio Rua

Philip esteve muito bem. Em vinte e cinco anos de carreira, ele se especializou em apresentações para ambientes corporativos ou encontros sociais, especialmente para público adulto, e obteve grande exposição em programas de televisão, o que o fez notável. Artista carismático, Blue sempre impressionou pela clareza de seus efeitos e pela excelente composição de seu personagem – sóbrio, sorridente e amigável à plateia – diferentemente de mágicos que preferem se colocar como “desafiadores do público”. Funcionou sempre muito bem.

Neste espetáculo, o requinte da produção foi absolutamente visível. Desde o material gráfico e os vídeos de divulgação até a composição do palco – luzes e cenário de muito bom gosto – o figurino, a composição dos elementos em cena, o texto e o repertório. Tudo esteve realmente impecável.

Um comentário pertinente sobre o repertório: Blue fez certa questão de não apresentar nenhum número clássico, o que representa uma postura ousada. As inovações e efeitos originais tomaram todo o repertório do show, revelando um preciosismo que procura ao mesmo tempo surpreender os mágicos e agradar ao público leigo – conciliação difícil – mas assim foi feito. Claramente buscando originalidade nas abordagens, os números foram conduzidos com o bom-humor e a simpatia características do artista, sempre com efeitos que arrancavam reações espontâneas da plateia, em ritmo contínuo. Algo raríssimo de se presenciar. Foi uma belíssima apresentação. Aplauso de pé, em clima de entusiasmo e comoção. Realmente um trabalho especial. Arte mágica muito bem tratada em ambiente de teatro aberto ao público. Presenciei isso como realmente um acontecimento.

Foto: Julio Rua

Depois, Philip atendeu à plateia com a atenção e a humildade características de grandes artistas: atendeu com empatia e carinho tanto a mágicos iniciantes, como velhos conhecidos, além de fãs e antigos clientes que lotaram a plateia. Ele parece não se esquecer de onde veio e saber para onde vai: para a consolidação da boa mágica brasileira, original, perfeccionista e carismática – a boa mágica que tanto gostamos de assistir.

Eduardo Peres é mágico, palestrante, tem um prêmio FISM no currículo e é colunista convidado do Adoro Mágica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *